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Lançamento de “Aspino e o boi” leva memórias quilombolas à literatura infantil

“Meu avô, meu pai e minhas tias eram todos musicistas e adoravam nos contar histórias”, relembra Gessiane Nazario ao falar sobre Aspino e o boi, seu mais novo livro infantil. Lançada pela Sophia Editora na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) de 2024, a obra mergulha nas histórias orais da comunidade quilombola de Rasa, em Armação dos Búzios (RJ), e narra a luta de um lavrador quilombola que resiste às ameaças de um fazendeiro disposto a desalojar as famílias locais.

Inspirada nas memórias de sua família, composta por gerações de quilombolas, Gessiane cria uma narrativa que vai além da literatura infantil, explorando temas como ancestralidade, expropriação de terras e resistência. Com ilustrações de Letícia Figueiredo, o livro apresenta a saga de Aspino, um lavrador que protege sua terra e sua comunidade das investidas de um boi enviado para intimidá-los.

Além de ser uma história de aventura e coragem, Aspino e o boi é um registro valioso das memórias dos descendentes de escravizados na Fazenda Campos Novos, localizada na Região dos Lagos. Gessiane, que também é pesquisadora, é neta do próprio Aspino e bisneta de Bibiana, figuras centrais da comunidade de Rasa, e traz no livro a trajetória de sua tataravó Madalena, mulher trazida de Angola ao Brasil em um navio negreiro.

“Ao transformar essas histórias em livro, quero oferecer ao público infantojuvenil uma importante reflexão sobre identidade, territorialidade e resistência”, declara a autora, que vê a obra como um instrumento de preservação da cultura quilombola.




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