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Floresta dos Guarás: Um mergulho nas raízes afro-brasileiras e no turismo comunitário no Maranhão

Durante a primeira Afropresstrip, organizada por Guilherme Soares Dias, fundador do Guia Negro, em junho deste ano, jornalistas de regiões diversas do Brasil tiveram a oportunidade de conhecer em primeira mão, o mais novo roteiro turístico do estado, a Floresta dos Guarás. 

O Maranhão, berço de ricas tradições afro-brasileiras, revela-se um destino imperdível.para quem busca experiências autênticas  e um con tato profundo com a história e a cultura do país. A Floresta dos Guarás, um dos mais recentes pólos turísticos do estado, tem se destacado como um verdadeiro santuário da ancestralidade e da natureza, oferecendo aos visitantes a oportunidade de vivenciar o turismo de base comunitária em sua forma mais pura.

A proposta, oficializada pelo termo de cooperação técnica assinado em 2023, pretende impulsionar o afroturismo em cidades do Maranhão, iniciando por São Luís e estabelecendo uma rota turística que conecta os municípios participantes, promovendo a valorização e a divulgação das tradições e identidades afro. 

Sob coordenação da Secretaria Municipal de Turismo de São Luís, Sebrae Maranhão, IGR Lençóis e Delta e IGR Floresta dos Guarás, durante 15 dias foram mais de 11 quilombos percorridos para conhecer em profundidade as iniciativas de turismo de base comunitária em algumas das 15 cidades que compõe o pólo, como Guimarães, Cedral, Cururupu, Mirinzal, Serrano do Maranhão, Bacuri e Apicum-Açu e Alcântara.

O Maranhão concentra a maior parte das localidades quilombolas do Brasil, segundo dados do IBGE de 2022. O estado detém o maior quantitativo de localidades quilombolas, com 2.025 (23,99%). Também é lá que se localiza a segunda maior população quilombola do Brasil, com 269 mil pessoas que se autodeclaram quilombolas. 

Essa rica diversidade cultural se reflete na Floresta dos Guarás, que integra a Floresta Amazônica do Maranhão, e onde as comunidades quilombolas têm preservado suas tradições e costumes há séculos, criado experiencias turísticas únicas, que levam em consideração o legado deixado por seus ancestrais.

Em Guimarães, por exemplo, os quilombos Cumum e Damásio recebem os visitantes com calorosa hospitalidade, oferecendo experiências únicas como a roda de conversa e a degustação da culinária local. 

No primeiro, fomos recebidos com uma roda alegre pelos membros da comunidade que destacaram a importância da iniciativa para fomentar o potencial turístico da comunidade que se encontra nos festejos e culinária. 

Já no Quilombo Damásio, vimos de perto como a união de uma comunidade pode potencializar o afroturismo na região. O Balneário Galera Brasil e a Fonte Grande, hoje são pontos de lazer e interação entre turistas e as comunidades vizinhas com os moradores do quilombo. Ambos passaram por um processo de despoluição realizado pela própria comunidade. Um dos maiores exemplos da aptidão do território para o turismo de base comunitária. 

Em Alcântara, município com maior quantitativo quilombola do Brasil, segundo o IBGE, com 122 localidades, as ruínas contam história da região, mas foi numa caminhada que resgata a história negra da comunidade, que se conhece como o território está conectando as religiões de matriz africana, por exemplo.

O Quilombo Entre Rios, fica no município de Cururupu, que tem no festejo de São Benedito, padroeiro da comunidade, e na manutenção da tradição do tambor de criolula, as principais atrações turísticas, além das histórias que podem ser conhecidas de perto, com figuras ancestrais vivas como Dona Anália Santos. 

Por fim, pudemos conhecer a encantada Ilha dos Lençóis, em Cururupu. O território cercado pelos guarás, ave com plumagem vermelho-carmesim que dão nome ao pólo, e dão um show pelos céus dos lençóis e praias da ilha. 

De lá surgiu a lenda do Touro Encantado, que, segundo a crença da população local, representa o rei de Portugal, Dom Sebastião. Ele desapareceu durante a batalha contra os mouros e agora reside na ilha sob a forma de um touro encantado.

Lá, a experiência do turismo de base comunitária está nas pousadas caseiras, como a Recanto das Árvores, onde é possível dormir em chalés ou em redes, assim como a população local. Vale saborear os pratos a base de peixes e camarão, pescados pelos moradores e feitos na hora.

A Floresta dos Guarás é muito mais do que um destino turístico; é um convite para uma jornada de autoconhecimento e conexão com a natureza e com as raízes afro-brasileiras. 

Ao visitar esse polo, os turistas contribuem para a valorização das comunidades quilombolas e desfrutam de experiências únicas que comprovam o potencial e a força das comunidades quilombolas têm empregado para além de preservar o meio ambiente, preservar também a memória, as tradições e costumes de territórios sagrados no Brasil.




O post Floresta dos Guarás: Um mergulho nas raízes afro-brasileiras e no turismo comunitário no Maranhão apareceu primeiro em Mundo Negro.